terça-feira, 5 de outubro de 2010

Os Nus - por Renata Melleu

Spencer Tunick


Um homem comum que despiu multidões.
Gostava da fotografia.
Através dos seus olhos, despiu meu gosto e eu arrepiei.
Estranhos que se amam como estranhos.
Corpos juntos por uma causa, criada por outro corpo que não esses.
De perto, de muito perto a forma humana perde o sentido da figura, o sentido sensual, do frio, do quente, do vivo, do sozinho.... Criam-se morros de curvas que se misturam em sombras e pêlos, independente das suas cores, formam uma maré de peles macias, de ondas, beleza.
Pedaços de gente junta, que não se importam com qualquer padrão estético e que no conjunto, se fazem desejosos, onde se quer mergulhar, adorar e permanecer.
O homem.
A fragilidade bruta da vida.
O viço.
O gasto.
O flácido.
O tenso.
Agora através dos meus olhos, mostro um pouco do mundo em que penetrei, invadindo qualquer pudor ou vaidade, mostrando, ainda incrédula, o que uma pele junto à minha ou à sua, poderia criar.

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