Grafitando muros, andei por minha cidade, reparando em qualquer rachadura em chãos e paredes que ilustrariam alguma nova figura da minha criatividade.
A criatividade que me fervilhava ontem, fazendo cócegas, me fazendo rir e ter vontade de chorar.
Todas aquela gravuras em cinza, preto, vermelho e vida, me mancharam a tela da cabeça bloqueada e logo o pincel, como as idéias, fluiu.
Fiz isso em boa companhia, me sujei de tinta, de cimento e de sujeira de cidade.
Me sujei de risada de amigo, de mentes compartilhando a mesma onda virtual de sensibilidade. Me sujei de um pouco de urbano.
Humano.
Logo, uma idéia fracassada pela chuva e pela preguiça, idéia com chances de estragar algum dia por capricho, idéia de visitar à Pinacoteca, foi surpreendida e se convenceu em Masp... E deste ainda, frustrado e fechado nas segundas, veio um Grande Sesi e nos atraiu para seu ventre compulsivo e sem doenças.
Estarrecedor.
Algo me petrificara por duas horas, sem parar de gostar das companhias e frases cabíveis ou não.
Saímos satisfeitos e estranhamente, saímos para jantar.
Todos falavam a mesma língua da qual dificilmente, frequentadores daquela enorme Paulista, conseguiriam ouvir e sair pensando sozinhos sobre o assunto alheio... Eu tenho essa mania, por acaso.
Percebi, não somente ontem, como há muito tempo, que as pessoas, em sua maioria não se interessam pela vida. Existe uma falta de compromisso com o amor próprio, onde pessoas vivem cercadas de outras, conhecidas ou não, pensando e gesticulando sobre hábitos e cotidianos estranhos a elas. Não encontrei pessoas interessadas na auto-análise silenciosa de um dia de cidade, tampouco pessoas conversando sobre música ou arte e até mesmo política com um mínimo de base concreta. Estranho imaginar que se vive egoístamente sem conseguir olhar-se como um ser vivo não dependente de nada além de comida, sono, água e idéias.
Mas o texto de hoje não deve ser algo muito deprimente ou complexo, só pretendo salpicar gotículas de realidade vivenciada, num dia chuvoso, de grafite vivo, em concreto vivo de idéias vivas.
Vivos como aquela sujeira que ainda não saiu da minha roupa.
Vida, como aquela que fingimos idealizar, fingimos atingir, mas continuamos à margem dela.
Não quero me mexer, falar ou comer, para provar que estou viva.
Pretendo, como ontem, nas víceras da arte audiovisual, como as cores, mesmo que em chuva, viver.
Este blog é um espaço em comum onde admiradores e observadores da cidade de São Paulo se encontram e dividem suas experiências, boas ou ruins, vividas nela. Fotos, dicas e crônicas são bem vindos neste blog, então sinta-se à vontade para participar dele: editoramalabar@gmail.com Todas as participações serâo mediadas pela Editora Malabar e, sendo aprovadas, postadas com orgulho!
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
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É difícil escrever sobre a vida, em tempos em que viver, só mesmo sendo artista!
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